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Kindle Fire e o caso do Android capenga

Kindle Fire

Robert Scoble está chateado. Ele acaba de soltar no facebook que desenvolvedores estão reclamando por não conseguir acessar as APIs completas do Android ao tentar criar apps para o tablet da Amazon: a gigante editorial estaria impedindo muitos softwares de rodarem no android, e muitos compradores do Kindle Fire ficariam desapontados ao comprar o iPad-killer dessa semana e tentar instalar seus apps favoritos.

Em meio a reações desapontadas e mimis de que o Kindle Fire agora é bobo, feio e chato, os fãs mais hardcore do android já começam a dizer que se você rootear com a ROM xyz e aplicar o patch XPTO e configurar o repositório tal e aplicar um script de linha de comando você consegue um ambiente satisfatório, simples assim. Acontece que o sr. Scoble está esquecendo um pequeno detalhe que os androidistas xiitas também não perceberam: o Kindle Fire não é um tablet pra eles.

Vamos tentar entender o que está acontecendo com o mercado americano: em um ambiente onde todos seguem fervorosamente os mandamentos da maçã reluzente, é Deus no céu e Steve Jobs na terr… OH WAIT, enfim, em um mercado onde todos babam pelo iPad, eis que surge um tablet que vende um milhão de unidades. Em poucos dias. Antes do lançamento. Vale lembrar que o iPad 2 demorou um mês pra vender 2 milhões, isso depois do lançamento. Rumores apontam para 5 milhões de Kindles Fire no forno para o natal.

O que estaria acontecendo então? Uma tragédia anunciada com cinco milhões de recalls? “Como rootear o kindle fire” chegando ao topo das paradas em Mountain View? Nada disso. O Kindle Fire não é um tablet para o entusiasta de tecnologia. O Kindle fire é projetado para um uso mais, digamos, pragmático e casual.

Com uma interface simplificada, um browser diferente e uma app store própria e carregado de ofertas e promoções, o Kindle é um Android pra quem não é fã do Android. Ele é voltado pro tipo de pessoa que quer entrar no Facebook, jogar Fruit Ninja e Angry Birds, ler ebooks e comprá-los — diretamente da Amazon. E ele é perfeito pra isso. Nossos amiguinhos do techtudo já tinham dito isso há um mês e meio atrás. Acontece que isso não entra na mente do über-geek Scoble.

Como observa muito bem um comentarista no próprio facebook, o Kindle Fire vai se tornar uma extensão da própria Amazon, como um daqueles antigos catálogos impressos que chegavam pra gente pelo correio, mais ou menos na época em que os dinossauros morreram, lembra? Só que agora você já pode fazer as compras direto dele.

Acho que a Amazon está dando uma jogada de mestre. Não é um iPad Killer, é um outro nicho, um outro público alvo. Um público que não quer um android completo, quer um dispositivo que dê pra navegar na internet, ouvir música, ler ebooks, jogar alguns jogos e ver seus filmes e séries. Um público que não é fã do android e que acha muito conveniente gadgets na faixa dos $200 em vez dos $2000.

No Brasil isso tem um nome, e se você me der uma grana eu trago dois da china pra você, na minha mão é mais barato. Aliás, os xing-lings que se cuidem, já que o Kindle Fire pode acabar vindo pro Brasil.

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