
Segundo informações da Ars Technica, Sergey Brin, cofundador do Google, sugeriu que os funcionários trabalhem 60 horas semanais, buscando o “ponto ideal da produtividade” para liderar a corrida pela inteligência artificial. Essa proposta, equivalente a 12 horas diárias de segunda a sexta-feira, incentiva o uso de ferramentas internas como o Gemini para aumentar a eficiência. No entanto, essa visão levanta questionamentos cruciais sobre o verdadeiro significado de produtividade, especialmente em uma era onde a tecnologia e a inteligência artificial deveriam nos libertar de jornadas exaustivas. Será que Brin está certo em sua abordagem, ou existe um caminho mais inteligente e sustentável para o sucesso?
Particularmente, eu acredito que hoje em dia, com as grandes ferramentas de Inteligência Artificial disponíveis, nós poderíamos trabalhar menos e produzir mais. É incrível ver como em várias partes do mundo as pessoas estão conseguindo realizar o trabalho de duas ou três pessoas com eficiência impressionante. No entanto, é surpreendente como alguns líderes ainda nos tratam como máquinas, cobrando-nos como se fôssemos robôs. Eles acabam distorcendo o conceito de produtividade, esquecendo-se de que ser produtivo não é apenas uma questão de horas trabalhadas.
Essa visão equivocada pode levar ao esgotamento e à perda da criatividade. Em vez de buscar mais horas de trabalho, deveríamos nos concentrar em como otimizar nosso tempo para alcançar resultados realmente significativos.

O Mito da Produtividade Baseada em Horas
Quando falamos sobre produtividade, é importante entender que não se trata apenas de fazer mais, mas sim de fazer mais com menos. É sobre otimizar nossos recursos — tempo, energia e ferramentas — para alcançar resultados melhores. Em 2025, com todos os avanços em inteligência artificial, a ideia de que precisamos trabalhar longas horas para ter sucesso parece um pouco antiquada.
A verdadeira produtividade vem da capacidade de usar a tecnologia para automatizar tarefas repetitivas e liberar nosso tempo para atividades que exigem criatividade e estratégia. Isso nos permite focar no que realmente importa e traz satisfação ao nosso trabalho.
Evidências de um Equilíbrio Sustentável
Pesquisas em vários países mostram que encontrar um equilíbrio saudável entre trabalho e lazer não só melhora o bem-estar dos funcionários, mas também aumenta a produtividade. Um exemplo disso é a Islândia. Entre 2015 e 2019, o país realizou experimentos com semanas reduzidas de trabalho envolvendo cerca de 2.500 trabalhadores. Os resultados foram impressionantes: houve um aumento na produtividade e no bem-estar dos funcionários.
Além disso, após adotar a semana de trabalho de quatro dias, a economia islandesa registrou um crescimento significativo, com um aumento de 5% em 2023. Empresas que adotam horários flexíveis e incentivam o descanso relatam maior engajamento e criatividade entre seus colaboradores. Essas políticas reconhecem que o esgotamento profissional (burnout) é um grande inimigo da produtividade.
Uma Perspectiva Contrária
“Não é a quantidade de tempo que você dedica, mas a qualidade do tempo que você investe que determina o sucesso.” Embora essa citação não seja uma frase exata de Zig Ziglar, ele sempre enfatizou a importância do foco no uso do tempo. Uma citação mais adequada poderia ser: “Lack of direction, not lack of time, is the problem. We all have twenty-four hour days.”
Isso nos lembra que o sucesso não depende apenas do quanto trabalhamos, mas sim de como utilizamos nosso tempo. Líderes eficazes criam ambientes onde as pessoas podem se concentrar e colaborar. Eles investem no desenvolvimento dos funcionários e incentivam momentos de descanso.
Zig Ziglar foi um renomado escritor, vendedor e palestrante motivacional norte-americano, conhecido por suas mensagens inspiradoras sobre sucesso pessoal e profissional. Ele é autor de mais de trinta livros dedicada ao desenvolvimento pessoal e profissional.
O Paradoxo do Google
Quando Sergey Brin defende jornadas de 60 horas semanais, parece contradizer tudo o que o Google representa como uma empresa inovadora. Ao longo dos últimos 30 anos, o Google se destacou por valorizar a criatividade e o bem-estar dos funcionários.
A famosa regra de Pareto — que diz que 80% dos resultados vêm de 20% dos esforços — sugere que devemos focar nas tarefas mais importantes e otimizar nosso tempo nelas. A busca incessante por mais horas trabalhadas pode levar ao esgotamento e à diminuição da criatividade. É hora de repensar essa abordagem e priorizar eficiência e bem-estar em vez de simplesmente acumular horas no relógio.
Produtividade não é sinônimo de horas extras; trata-se de otimizar nossos recursos para alcançar resultados significativos.