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Resíduos sólidos, e.lixo e responsabilidade social

Há algum tempo aqui mesmo no Pare & Pense Tecnologia, escrevi sobre o e.Lixo, inevitável resíduo fruto de todas as nossas nerdisses. O artigo que criei inicialmente buscava articular dados sobre o impacto ambiental resultante da fabricação e consumo de aparatos eletrônicos e a responsabilidade que cada um temos ao consumir tais produtos.

Após ler um excelente artigo de Érico Tooru Tanji, senti-me na obrigação de fazer mais alguns comentários sobre o tema, até porque versa com a sustentabilidade, outro tema bem trabalhado nessa coluna. Como devemos saber, a responsabilidade em destinar os resíduos não é apenas nossa, por isso expandi minha análise explorando as diferentes nuances sobre o tema. Acredito que é extremamente importante pensar sobre o tema, até porque, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP):

(…)Segundo relatório do UNEP, apresentado em fevereiro de 2010, existe uma estimativa de que, até 2020, o volume dos REEE originários de computadores obsoletos poderá crescer 500% na Índia e 400% na China e África do Sul, em relação a 2007.

O mesmo relatório aponta que, entre os países considerados emergentes, o Brasil tem o maior índice de REEE per capita (0,5 kg/cap.ano), seguido de México e China.(…)

E.Lixo x Resíduos sólidos

A primeira questão é conceitual. Estamos falando de e.Lixo ou de resíduos sólidos. De forma bem simples, o e.Lixo trata do que é descartado e sai “pronto” da cadeia de produção. Trata de um produto defasado, ou algo que quebrou, mas que originalmente foi concluído pela indústria. Para além, fala da sucata, de um material terminado que não é mais usado. Logo, há como reutilizar o e.Lixo de formas alternativas, como o próprio artigo que escrevi.

Já os Resíduos de Equipamentos Eletrônicos (REEE) tratam de qualquer resíduo sólido ou não da produção, consumo ou descarte de aparelos eletrônicos. A “rebarba” de uma placa de circuito impresso não é e.Lixo, mas é um REEE. Ficou mais fácil agora? O que importa nesse momento é que tanto e.Lixo quanto o REEE são fontes de poluição, e devem ser pensadas cada vez mais nos dias de hoje.

A culpa é de quem?

Como no artigo que escrevi apontava, o incremento de resíduos e de e.Lixo tem grande culpa nossa, seres mortais e consumidores de tecnologia. Opa, alto lá! Eu não quero que nos isolemos em criptas ou florestas mandando mensagens de fumaça. Acho que temos de ter uma ação consciente, descartando baterias em lixeiras especializadas, por exemplo. Mas acho que a culpa não é apenas nossa, não?

Como Tooru indicou com clareza, muita culpa vem da indústria eletrônica. Visando apenas o lucro e não adotando práticas ecologicamente corretas, poluem o meio ambiente e, para ficar pior ainda exportam o lixo para países em desenvolvimento. Isso mesmo, jogam seus resíduos para África e América, por exemplo. Quem não se lembra do barco de lixo britânico que chegou ao Brasil?

Então a culpa é nossa e das indústrias. Mas só? Não, há culpa também da máquina pública. Tomemos o exemplo do lixo inlglês que foi mandado para cá. Só foi enviado ao Brasil porque as leis britânicas impediam o descarte sem tratamento por lá. Ora, então todos os governos devem criar políticas públicas para o tratamento de resíduos sólidos. Sobretudo os países em ritmo de crescimento tecnológico, como o Brasil, devem ficar bem atentos para o tema. Não é em vão que foi criada a Política Nacional de Resíduos Solídos.

Uma lei, um bom caminho a seguir

Após 20 anos de debate, em agosto finalmente saiu do papel a lei  12305/2010, que trata a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Inclusive seu texto é integralmente disponível para leitura aqui.

Após uma análise da lei, notei que há pontos abertos, fruto das pressões das empresas, obviamente. Porém tenho que dizer que foi um passo extremamente positivo para todos nós, que temos uma visão mais ampla sobre a sustentabilidade. As empresas, antes impunes, agora tem sanções duras acerca do tema. Acredito que a aplicação da lei deva ser dura, para que possamos mudar o jogo e seguirmos passos de alguns países que conseguiram aliar desenvolvimento tecnológico com a preservação do meio ambiente.

E o que eu tenho a ver com isso?

Como foi possível ver, a responsabilidade sobre os resíduos sólidos é distribuída por toda a cadeia de produção até o pós-consumo, até o descarte. A responsabilidade é de todos nós, que usamos, fabricamos, consumimos e descartamos tecnologia. E isso vai do simples ato de jogar fora uma embalagem até em votar em políticos com maiores projetos acerca dessa questão. Então, Pare & Pense e faça sua parte, observando as marcas que compra, os debates sobre o assunto e fazendo aquelas “pequenas ações” que certamente terão impacto para a construção de um mundo melhor.

Ah, só pra terminar, para maiores informações sobre a sustentabilidade, acho que vale a pena dar uma olhadinha em outro artigo aqui no Pare & Pense Tecnologia.

Abraços!

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